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sábado, septiembre 14, 2024

O Ocidente, a NATO e a China – Um novo mundo!

Carlos Matos Gomes

Julho/2022 | Publicado en www.resistir.info

O documento que saiu da cimeira da NATO de Madrid coloca a questão central da definição do “Ocidente”, que é a referência à entidade ao serviço de cujos interesse a aliança militar age; e dos valores ocidentais, aquilo que constitui o núcleo que identifica e distingue os ocidentais dos outros grandes grupos políticos, militares e económicos.

Contém uma frase decisiva, que os líderes europeus deviam esclarecer. O comunicado salienta enfaticamente: “as ambições e políticas coercitivas da República Popular da China desafiam nossos interesses, segurança e valores”.

Presume-se que os valores são os valores ocidentais. Seria importante para os cidadãos dos Estados que fazem parte da NATO, os que vão pagar as consequências destas afirmações, saber quais são para a “cúpula” da NATO representada pelo seu secretário-geral os “nossos valores” e até o que entende NATO por Ocidente.

Estes comunicados são do tipo dos textos bíblicos, exigem uma exegese, porque deliberadamente partem de afirmações que consideram dogmas, logo fora de qualquer crítica ou dúvida, ou até de confrontação com a razão. A partir de construções, nunca explicitadas, desenvolvem uma doutrina que serve para justificar interesses, que se transformam em valores.

Temos de nos entender sobre aquilo que pagamos e em última instância nos pode obrigar a lutar e a morrer.

Originalmente a expressão Ocidente indicava a separação do Império Romano entre a parte ocidental latina e a parte oriental, dominada pelos gregos. O cisma do cristianismo de 1054 também reforçou diferença e causou diferenças determinantes na estrutura social, nas formas dominantes de poder . Por exemplo, a Rússia e a Bulgária foram convertidas a partir de Constantinopla e faziam parte do “Oriente” (há poucos anos a Bulgária foi transferida para o Ocidente com a entrada na NATO e a Rússia foi expulsa da Europa, para onde entraram os Estados Unidos e o Canadá, antigas colónias inglesas, mas já não as antigas colónias espanholas e portuguesas da América — a NATO é uma criação anglo-saxónica!).

Existem várias definições para o Ocidente, a clássica assente na religião e cultura, uma outra que remete para as potências dominantes desde a época colonial, a da dos países da NATO durante a guerra fria, a que se juntaram os que têm suas raízes históricas e culturais ligadas à Europa, a Austrália e a Nova Zelândia, antigas colónias inglesas, mas até o Japão e a Coreia, e ainda Israel.

Durante a Guerra Fria, a expressão “Mundo Ocidental” referia de maneira muito genérica os países capitalistas desenvolvidos. Aceitando como boa esta “geografia” de mundo ocidental, chega-se à conclusão que o principal valor do “Ocidente” é o lucro, e que o modo de atuar do Ocidente agir no mundo para defender os seus interesses é o da conquista de outros territórios em todo o globo e da exploração dos seus povos e riquezas.

Podemos situar o “modo de estar” do Ocidente, nas Cruzadas, no início do segundo milénio e a sua estratégia desenvolveu-se até ao presente com a expansão e conquista de outros continentes a partir do século XV, com a colonização daí resultante do continente americano e de África, e o colonialismo fruto da revolução industrial.

O Ocidente foi o centro do poder do mundo e se há um acordo sobre a sua identidade é a de no Ocidente os valores corresponderem aos interesses e vice-versa. O catolicismo, ou cristianismo romano, criara com as cruzadas a primeira grande empresa expansionista do Ocidente e a concentração do poder com a demagógica invocação de valores de justiça e bondade, sempre violados na prática. Será a matriz de atuação do Ocidente no futuro.

O grande cisma do Ocidente, a Reforma e a Contra-Reforma resultam dos interesses de grupos nacionais se assenhorearem do poder de acumular as riquezas comuns e o poder, em confronto com o papado católico. O nacionalismo do rei Eduardo VIII, que criou a igreja anglicana e o dos príncipes alemães, que apoiaram Lutero, são um belo exemplo de conjugação de interesses e valores que caraterizam o Ocidente, o Ocidente a que se refere o comunicado da NATO e que esta estende segundo os seus interesses, invocando a ameaça dos interesses de outros que, ao longo de mais de seiscentos anos (da viagem de Marco Polo) nunca ameaçaram o Ocidente, o que já não pode ser afirmado pelo Ocidente.

Presumo que o senhor Jens Stoltenberg tem uma ideia do que o seu Ocidente é, e do que é o Ocidente para a sua NATO. Convinha que nos elucidasse.

É que este comunicado marca uma viragem decisiva no interior do Ocidente, protagonizado pela NATO, pelo menos nos cartazes: A concentração do poder numa única entidade, os Estados Unidos. A União Europeia, de novo com a Grã-Bretanha (que saiu sem pagar a conta e entrou pela porta do fundo, pela mão do chefe do gangue da rua da taberna), a Austrália e a Nova Zelândia, mais Israel, são agora uma aliança global sob comando completo dos Estados Unidos. E comando completo significa uma moeda e um exército únicos, uma política de confronto com os outros espaços para manutenção de um domínio ameaçado. A NATO passou a ser um exército imperial à escala planetária para garantir acesso a matérias-primas e para manter o controlo da emissão e circulação da moeda de troca internacional.

O secretário da NATO tem alguma explicação a fornecer aos “ocidentais” sobre esta nova atribuição de funções, sobre esta expansão do negócio com abertura de frentes em todos os mares e continentes?

É curioso que quanto às ameaças da China, esta não tenha retaliado quando o Ocidente chegou ao seu território e inviabilizado a Rota da Seda, cuja versão atualizada o Ocidente quer agora torpedear e destruir! Outros tempos!

O comunicado da NATO saído da cimeira de Madrid tem uma tradução: Para a cabeça do império NATO a China passou a ser o grande competidor, que ameaça os interesses dos Estados Unidos e logo os valores porque se rege.

Também fica implícito na exigência de aumento da cota dos membros da NATO até 2% para compra de armamento que estes novos sistemas de armas não se destinam a defender a Europa, nem os valores ocidentais, mas sim os interesses dos Estados Unidos no Mundo e em particular no Pacífico.

O comunicado da NATO tem ainda uma outra leitura, que os líderes europeus deviam ser chamados a explicar: os Estados Unidos, depois de terem criado condições para provocar a guerra na Ucrânia, depois de terem envolvido a Europa nela, preparam-se para envolver a Europa, em nome do Ocidente e da NATO, num conflito com a China no Oceano Pacífico?

É isto?

Por fim, quando o seráfico secretário-geral da NATO fala em ameaças ao Ocidente resultantes da invasão russa da Ucrânia está a ludibriar os cidadãos europeus, que não têm que ser instruídos em análises de situações de combate. O exército russo está desde Fevereiro a tentar conquistar uma faixa de cerca de 150 quilómetros num movimento para ocidente. A Rússia dispõe de muito limitada capacidade de projeção de forças a grande distância, tem muito poucos porta-aviões, por exemplo, que são os sistema típico de forças atacantes e dos impérios globais — caso da Inglaterra até à II Guerra Mundial.

É evidente para qualquer oficial de estado-maior, mesmo de uma pequena unidade, que as Forças Armadas russas não têm capacidade para construir e colocar em movimento um rolo compressor que passe sobre a Polónia, a Alemanha, a França, a Espanha e chegue ao Atlântico!

A política da NATO saída da cimeira de Madrid, com o pomposo título de “Novo Conceito Estratégico” assenta nesta falaciosa premissa!

O que os líderes europeus se comprometeram foi a aumentar as despesas para pagar armas dos EUA, da Austrália, da Nova Zelândia, do Japão contra a China!

Carlos Matos Gomes: Coronel (R) e escritor, Capitão na Revolução de 25 de Abril de 1974.

Fuente: https://www.resistir.info/crise/matos_gomes_jul22.html

Fuente de la imagen: El viejo topo

La eterna marcha hacia el Este

Gabriel Merino

29/03/2022 | Publicado en la Red de Geografía Económica 366/21 (https://groups.google.com/g/redgeoecon/c/aJiyGjv3H0w)

El secular y obsesivo avance hacia el Este de EEUU y la OTAN es parte necesaria y fundamental que explica el conflicto, aunque no la única.

Una obsesión de las potencias occidentales es el avance hacia el Este y la conquista del “Espacio Euroasiático”. Especialmente desde el inicio de su supremacía mundial a fines del siglo XVIII, luego de tres siglos de ascenso a través del colonialismo y del poder militar de los beligerantes estados modernos europeos. La acumulación sin fin de capital necesita y se retroalimenta de la acumulación sin fin de poder político-militar, esta es la naturaleza del imperialismo capitalista moderno que inventó Occidente.

Primero, fue la Francia de Napoleón Bonaparte. A principios del siglo XIX, a partir de desatar sus fuerzas sociales con la revolución burguesa de fines del siglo XVIII, intentó una invasión a Rusia que le significó la pérdida de más del 80% de su fuerza inicial. Después del triunfo de Rusia sobre la Francia imperial napoleónica, que los rusos denominaron «Guerra Patriótica», el imperio inglés buscó contener, a través de una estrategia envolvente y dominantemente indirecta, al imperio ruso como prioridad geoestratégica –lo que dio lugar al llamado «Gran Juego»– y asegurar así la hegemonía británica (secundada por Francia). La Guerra de Crimea (1853-56) o la formación de Afganistán como «estado tapón» entre la expansión rusa hacia el Sur, en busca de una salida al Océano Índico, y las posesiones coloniales inglesas en el territorio actual de India y Pakistán, fueron expresiones importantes de este conflicto secular.

Más tarde, en el siglo XX, durante la transición del sistema mundial de 1914-1945 y el «Caos Sistémico», sería Alemania, convertida en potencia, la que buscó en la expansión continental –ante su falta de colonias en relación a los imperialismos competidores– un nuevo estatus en la jerarquía del poder mundial y la conquista de la hegemonía. Sin embargo, el triunfo soviético en la Segunda Guerra Mundial, que los rusos denominan la «Gran Guerra Patriótica», echó por tierra la geoestrategia germana que, entre otras cosas, incluía convertir a Ucrania en su granero.

Luego de la derrota de la Unión Soviética en la Guerra Fría y su disolución a partir de 1991, avanzar hacia el Este también sería una premisa geoestratégica fundamental de las fuerzas globalistas en EEUU y el Reino Unido, en pleno momento unipolar y belle époque neoliberal. Esto fue acompañado, con cierta precaución, por los grupos dominantes de Francia y Alemania, que tampoco planteaban insubordinarse a su condición de protectorado militar estadounidense. Sería en 1997 cuando esta premisa comenzó a ponerse en marcha más decididamente.

El eterno obstáculo de esta tendencia histórica de los últimos 200 años es Rusia. La zarista, la soviética y, ahora, la eurasianista liderada por Vladimir Putin; que siempre aparece en el lugar del «eterno mal» en la simbología geopolítica occidental o, en las versiones más edulcoradas, como una suerte de «oso salvaje» al que la civilización europea debe domesticar.

Moscú, por su parte, se piensa en términos geopolíticos como una gran fortaleza asediada, vulnerable por todos los flancos salvo el Ártico (hasta ahora, por el cambio climático). Por ello, para gran parte del pensamiento estratégico ruso la clave es dominar los territorios periféricos y extender lo más posible dicho dominio, para amortiguar las distintas amenazas proveniente de sus flancos y, en particular, de Occidente. Así también se justificó históricamente su propio expansionismo imperial.

El Inicio

Cuando comenzó a ponerse en marcha la nueva marcha hacia el Este, en un famoso artículo publicado en el New York Times en 1997, George Kennan formuló una crítica central que se convertiría en profecía:

Expandir la OTAN sería el error más fatídico de la política estadounidense en toda la era posterior a la Guerra Fría. Se puede esperar que tal decisión estimule las tendencias nacionalistas, antioccidentales y militaristas en la opinión rusa; tener un efecto adverso en el desarrollo de la democracia rusa; restaurar la atmósfera de la Guerra Fría en las relaciones Este-Oeste e impulsar la política exterior rusa en direcciones que decididamente no son de nuestro agrado.

Kennan fue uno de los referentes diplomáticos e intelectuales de EEUU en la Guerra Fría y quien protagonizó la política de contención contra la URSS. Para él, EEUU como potencia marítima debía rodear la «Isla continente» de Eurasia y articular a las principales estructuras económicas del mundo aislando a la gran potencia terrestre. Distinto era avanzar hacia el corazón continental y tocar las puertas de Moscú luego de su caída. Era una provocación innecesaria y contraproducente.

Pero esa posición quedó en clara minoría. Fueron las ideas de Zbigniew Brzezinski -publicadas, entre otros lugares, en su famoso libro El tablero de ajedrez mundial en 1997- las que condensaron en buena medida el pensamiento dominante en el establishment globalista estadounidense de los años noventa y su pretensión de avanzar hacia un imperio global. La transnacionalización del poder económico -liderada por las redes financieras con centro en Wall Street y Londres y sus empresas globales- requería la extensión de un poder político-militar global.

En relación al espacio euroasiático, para Brzezinski, Ucrania constituye un pivote geopolítico y su propia independencia transforma a Rusia: sin Ucrania, Rusia no es una potencia euroasiática ni un polo de poder con proyección mundial, apenas se trata de una potencia regional asiática. Por lo tanto, resulta clave quitar a Ucrania de la esfera de influencia rusa y ubicarla en la esfera de influencia occidental, para evitar una reconstrucción del espacio medio de Eurasia que haga resurgir un polo de poder alternativo: «La extensión de la órbita euroatlántica vuelve imperativa la inclusión de los nuevos Estados independientes exsoviéticos y en particular de Ucrania», escribiría en otro libro, publicado en 2004 (The Choice: Global Domination or Global Leadership, Basic Books). La intelectualidad globalista en plena unipolaridad incluso iba más allá de Ucrania, al igual que buena parte de los hacedores de la política exterior, y proyectaba una fractura de Rusia en tres, con la parte occidental integrada a la UE. Jaque mate al «Espacio Medio».

En 1997 se estableció que una vez más, como en los últimos 200 años, Occidente marcharía sobre el Este. El primer gran hecho bélico de este proceso fue la guerra de la OTAN contra Yugoslavia en 1999, en apoyo a los rebeldes separatistas de Kosovo en nombre del principio de autodeterminación de los pueblos, que la propia OTAN no le reconoce a Donetsk, Lugansk y Crimea en función del principio de integridad territorial. Principio, este último, que no respetó en Yugoslavia o no respeta actualmente en las Islas Malvinas bajo ocupación británica; es decir, las reglas parecieran no valer realmente sino que aparecen como recursos argumentativos que varían según la necesidad. La guerra en la exYugoslavia, cuyo centro era Serbia, cercana a Moscú, incluyó un masivo bombardeo de Belgrado por parte de la OTAN, como el que hoy realiza Rusia sobre Kiev y otras ciudades (aunque ahora a un nivel mayor). Sin embargo, este hecho bélico de central importancia para Europa no está presente en el relato occidental, que se remite a la Segunda Guerra Mundial para referirse a la última guerra en la península euroasiática.

En 1999, con una Rusia devastada por la crisis del año anterior, y cuando empezaba a despuntar la figura de Vladímir Putin frente al desencanto neoliberal y atlantista, comienzan a incorporarse países a la OTAN, rompiendo el pacto no formalizado entre James Baker, Secretario de Estado de la administración de G. Bush, y Mijail Gorvachov, de no avanzar más allá de la Alemania reunificada. Desde entonces, y con la guerra que cambió definitivamente las relaciones de fuerzas a favor de la OTAN (ya convertida claramente en una alianza expansionista), ingresaron 14 países a la alianza encabezada por Washington: República Checa, Hungría y Polonia en 1999; los países bálticos Lituania, Estonia y Letonia, más Bulgaria, Rumanía, Eslovaquia y Eslovenia en 2005; Croacia y Albania en 2009; y finalmente Montenegro en 2017.

Como se observa, la OTAN avanzó no sólo en países que pertenecían a la esfera del Pacto de Varsovia, sino también países que formaban parte de la Unión Soviética y que se encuentran en la frontera de la Federación Rusa, lo cual es considerado como una amenaza de seguridad existencial por Moscú. Especialmente cuando dichas incorporaciones incluyen armamentos con capacidad de transportar cargas nucleares que apuntan a su capital y cubren ese trayecto en pocos minutos. Las líneas rojas se habían quebrado.

No es casual que, en respuesta, en 1997 se inicie un importante acercamiento entre Rusia y China, quienes van a afirmar que es necesario avanzar hacia un orden multipolar frente a la unipolaridad y el unilateralismo de los EEUU. Este acercamiento marcará un quiebre en la dinámica de conflicto entre ambas potencias desde los años sesenta, que Washington supo aprovechar para aislar a Moscú y derrotar a la URSS en la Guerra Fría. Tampoco pareció casual el bombardeo estadounidense de la embajada China en Belgrado durante la mencionada Guerra en la exYugoslavia, donde Beijing se oponía al accionar de la OTAN. Tiempo más tarde, en el año bisagra de 2001, estas potencias reemergentes de Eurasia conformarían la Organización para la Cooperación de Shanghai junto a los países de Asia central, los primeros pasos de la actual «asociación sin límites» entre China y Rusia que cambió el tablero geopolítico mundial.

La búsqueda por incorporar Ucrania a la OTAN

Las ideas y planes para incorporar a Ucrania a la OTAN como parte de un rediseño estratégico más amplio que se expusieron en 1997, establecía que ese proceso debía darse entre 2005 y 2010. Y así fue. La «Revolución naranja» prooccidental de 2004, desarrollada en Kiev y en el oeste del país, allanó el camino para la victoria de la coalición liberal-nacionalista, expresada en la figura de Víktor Yúshenko, sobre Víktor Yanúcovich del partido de las regiones rusófilas y rusófonas del sureste. Como observa Jean-Marie Chauvier para Le Monde Diplomatique de enero de 2005, el gobierno de George W. Bush (aunque bajo un giro neoconservador más focalizado en Oriente Medio) invirtió 65 millones de dólares en favor de Víctor Yúshenko. Mientras que la fundación del magnate globalista George Soros prestó su marco a la ex secretaria de Estado estadounidense, Madeleine Albright, que convocó a 280 ONG ucranianas para garantizar el giro atlantista.

En abril de 2008, con Kiev bajo un gobierno prooccidental y meses antes de que la caída del Lehman Brothers desate la gran crisis financiera global, Bush presentó la propuesta de incorporar a Ucrania y Georgia a la OTAN, en una cumbre de la alianza en Bucarest. Frente a ello, el presidente ruso Vladimir Putin respondió lo que ya era harto conocido: «Consideramos la llegada de un bloque militar a nuestras fronteras, cuyas obligaciones de membresía incluyen el Artículo 5, como una amenaza directa a la seguridad de nuestro país».

Pocos meses después, en agosto de 2008 se desató la guerra en Georgia, donde las fuerzas armadas rusas y las proclamas repúblicas prorrusas de Osetia del Sur y de Abjasia, se enfrentaron a las fuerzas prooccidentales que dominaban dicho país caucásico. La guerra se disparó cuando el presidente de Georgia, Mijeíl Saakashvili, envalentonado por el apoyo de la OTAN, ordenó a sus fuerzas armadas retomar el control del enclave rebelde de Osetia, independiente de facto desde 1992. Sin embargo, la intervención rusa, a pesar de la debilidad mostrada entonces por sus fuerzas amadas, echó por tierra el plan de EEUU y de las fuerzas georgianas prooccidentales de incorporarse a la OTAN.

Moscú comenzaba a mostrar capacidad y decisión para defender sus líneas rojas. En el mundo poscrisis de 2008, Rusia aparecía como una potencia emergente euroasiática que se había recuperado de la debacle de los años noventa y buscaba recobrar su influencia en los territorios que habían sido parte de la URSS, a través de distintas iniciativas económicas y políticas apoyadas por su poderío militar como gran potencia nuclear y segundo vendedor de armas del mundo, luego de EEUU.

Así como la crisis de 2008 marca un momento de quiebre para el avance de la globalización financiera neoliberal y un síntoma de la crisis de la hegemonía estadounidense, el lanzamiento de los BRIC en 2009 (conformado por Brasil, Rusia, India y China, a quienes luego se le uniría Sudáfrica) señalaría un importante paso hacia un orden multipolar y un avance de las tendencias que demandan una distribución del poder y de la riqueza mundial.

Pero el establishment globalista estadounidense (y británico) no iba a dejar de presionar para lograr sus objetivos estratégicos en el rediseño de Eurasia. Una nueva avanzada se inició en 2013, con el golpe de estado apoyado por masivas protestas prooccidentales contra el debilitado gobierno ucraniano de Yanukóvich (representante del Partido de las Regiones y aliado de Rusia). El golpe se produjo tras su rechazo al acuerdo de asociación con la Unión Europea y el compromiso con Rusia, sellado con un paquete de 15 000 millones de dólares. En las protestas pudo verse en persona a Victoria Nuland, entonces Secretaria para Asuntos Europeos y Euroasiáticos del Departamento de Estado de EE. UU (donde actualmente se desempeña como Subsecretaria de Estado para Asuntos Políticos). Nuland cobró cierta fama cuando en pleno conflicto se filtró un audio en donde debatía con el entonces embajador de los EEUU en Ucrania sobre cómo garantizar el éxito de las protestas y a quién colocarían como sucesor de Yanukóvich. En dicha conversación afirmó en relación a la posición de Europa: «Fuck the European Union».

Frente a ello, la Federación de Rusia y las fuerzas filorusas de Ucrania respondieron recobrando el poder formal a través de un referéndum de la estratégica península de Crimea, donde se encuentra la base naval rusa de Sebastopol y la mayoría de sus habitantes son rusos. Por otro lado, la insurgencia prorrusa de Donetsk y Lugansk, apoyadas por Moscú, se declararon como repúblicas populares independientes, aunque Rusia no las reconoció oficialmente hasta este año. A partir de allí se desató un cruenta guerra civil, donde por el lado de las fuerzas ucranianas comenzaron a cobrar protagonismo los grupos neonazis, como el «regimiento de Azov», incorporado formalmente a la Guardia Nacional y a las estructuras militares; aunque no por ello puede afirmarse que todo el gobierno de Kiev es neonazi.

EEUU y aliados pasaron, a partir de ese momento, a la guerra económica contra Rusia a partir de sanciones, un elemento clave de esta guerra mundial híbrida y fragmentada. Las sanciones golpearon duramente a la economía rusa, cuyo PIB nominal cayó alrededor de un 40% en dólares nominales entre 2014 y 2016, aunque no lograron derribar al gobierno de Vladimir Putin, ni hacer retroceder a Rusia, que incluso pudo recuperar paulatinamente su economía. Ello evidenció, junto con la capacidad militar de Rusia mostrada en Siria, el nuevo mapa del poder en Eurasia y el mundo, la dependencia Europea de los hidrocarburos y materias primas rusas y el colchón estratégico que le da China a Moscú, acelerando la interdependencia económica.

Es clave entender que no se trata solamente de un conflicto local o sólo entre dos estados. En el trabajo publicado en la revista Geopolítica(s) en 2016, titulado «Tensiones mundiales, multipolaridad relativa y bloques de poder en una nueva fase de la crisis del orden mundial», observo que a partir de aquellos sucesos en Ucrania se dispara, en realidad, un conflicto global y estructural, con Eurasia como tablero principal. En ese tablero, ya en Siria la intervención de Rusia en defensa del gobierno de Bashar Al-Assad, junto a Irán y Hezbolá, frustró los planes de cambio de régimen apoyados por las potencias que conducen la OTAN. A pesar de sus superioridad militar, desde la guerra en la exYugoslavia que EEUU y sus aliados no pueden imponerse, ganar sus guerras y avanzar, aunque el saldo sea catastrófico: sólo en las guerras de Irak y Afganistán hubo 900 000 muertos y Libia, que ostentaba el mayor índice de Desarrollo Humano de África, se convirtió en una carnicería y un desastre humanitario.

Todo un símbolo de este declive relativo del polo de poder estadounidense-británico y aliados fue la retirada de la OTAN en Afganistán, en el corazón de Eurasia donde China junto a Rusia y poderes emergentes avanza en al construcción de otro mapa geoeconómico y geopolítico. Por ello es que Ucrania se vuelve una pieza clave.

Biden y el foco sobre Ucrania

Con la asunción de Joseph Biden se esperó un recrudecimiento del conflicto en este territorio pivote de Eurasia. No sólo por la llegada de Blinken y Nuland al Departamento de Estado, sino porque el propio Biden fue un protagonista central de la geoestrategia globalista-neorrealista de avanzar sobre el control de las periferias euroasiáticas hasta las fronteras de China y Rusia, e incluso amenazar su integridad territorial azuzando todos sus conflictos internos.

En agosto de 2021 se produce una reunión clave de la OTAN en Kiev, a la que asisten representantes de 46 países (16 aliados extra-OTAN), en la cual se firma la «Plataforma de Crimea», exigiéndole a Rusia la «devolución» de dicha península estratégica e históricamente disputada. En esa reunión quedó completamente claro que no se iban a admitir ningunas de las demandas de Moscú y de las autoproclamadas fuerzas prorrusas, como la neutralidad de Ucrania, el reconocimiento de la soberanía rusa sobre Crimea o la mayor autonomía para las provincias independentistas del Donbás, según lo estipulado en los acuerdos de Minsk; acuerdos que EEUU nunca aceptó en la práctica, a pesar de los esfuerzos de Francia y Alemania por sostenerlos junto a Rusia y un sector minoritario de la parte prooccidental de Ucrania.

En paralelo, pese a las presiones de Washington y del Reino Unido, en septiembre de 2021 se termina la construcción del gasoducto NordStream 2 que une a Rusia con Alemania por el Báltico, sin pasar por ningún estado tapón. A partir de allí, el gasoducto debía entrar en etapa de certificación para comenzar a operar, lo que iba a aumentar la interdependencia entre Rusia y Alemania, con inevitables consecuencias geopolíticas que chocan con otro imperativo geoestratégico central del establishment globalista anglosajón: mantener divididos a Berlín y Moscú.

Un mes después The Washington Post publica que, según informes de inteligencia, Rusia iba a invadir Ucrania. Bajo dicho argumento se refuerza la presencia militar e inteligencia de EEUU y el Reino Unidos en el terreno y aumenta la provisión de entrenamiento y armamento a las fuerzas armadas ucranianas, las cuales intensificaron sus acciones sobre los rebeldes del Donbás; foco de guerra civil en donde se contabilizaban 14 000 muertos hasta enero de 2022.

Por lo que se observa ahora, a partir de la dinámica de la guerra y del movimiento de tropas cerca del Donbás, y con el apoyo externo mencionado, las fuerzas armadas ucranianas se preparaban para una embestida masiva con el objetivo de terminar con los planes de las repúblicas insurgentes apoyadas por Moscú. Ahora, dichas fuerzas se encuentran atrapadas y rodeadas por las fuerzas rusas en el este ucraniano, mientras Zelensky clama a la OTAN por un apoyo que no llega. «Nos dejaron solos», afirmó.

En comienzos del mes de febrero se conocieron documentos que buscaban evitar la guerra. EEUU revisaría la instalación de misiles si Moscú daba un paso atrás en Ucrania. Pero se negaba a la petición de Rusia de establecer un compromiso formal de la neutralidad de Ucrania. Si bien Francia y Alemania podían acordar, su subordinación estratégica pareció impedir que se opongan a Washington.

El 19 de febrero y frente a las maniobras de Moscú en las fronteras, Zelenski afirmó que a falta de las «garantías de seguridad» para Ucrania, Kiev se podría retirar del Memorándum de Budapest de 1994, y reconsiderar su renuncia a poseer armas nucleares. A los dos días, el 21 de febrero, Rusia le respondió reconociendo la independencia de Donetsk y Lugansk. El 24 de febrero inició la incursión bélica masiva sobre el territorio ucraniano para «defender» estar regiones prorrusas, y «desmilitarizar» y «desnazificar» dicho país.

Hoy la humanidad ve estupefacta cómo, nuevamente en estos poco más de 200 años, hay una guerra en el corazón de Europa. En realidad, esta guerra comenzó en 2014, abriendo una nueva fase de la crisis del orden mundial, y ahora pasó a un nuevo nivel y formato. El secular y obsesivo avance hacia el Este de EEUU y la OTAN es parte necesaria y fundamental que explica el conflicto, aunque no la única.

El propio Henry Kissinger, uno de los cerebros imperiales estadounidenses, protagonista en la estrategia para enfrentar la crisis de hegemonía de los años setenta, advertía el 24 de febrero de 2014 que Ucrania es un país fracturado:

Occidente es mayoritariamente católico; Oriente (el este) es en gran parte ortodoxo ruso. El occidente habla ucraniano; el oriente habla principalmente ruso. Cualquier intento de un ala de Ucrania de dominar a la otra, como ha sido el patrón y la tendencia histórica, conduciría eventualmente a una guerra civil o una ruptura. Tratar a Ucrania como parte de una confrontación Este-Oeste hundiría durante décadas cualquier posibilidad de llevar a Rusia y Occidente, es decir a Rusia y Europa, a un sistema internacional cooperativo.

Frente a ello, Kissinger observaba que «Una política sabia de EEUU hacia Ucrania buscaría una manera de que las dos partes internas del país cooperen entre sí. Debemos buscar la reconciliación, no la dominación de una facción.» Con ese propósito recomendaba que Ucrania no debería unirse a la OTAN, aunque podría unirse la Unión Europea; Kiev debería reforzar la autonomía e independencia política en Crimea y respetar la total autonomía e independencia de sus elecciones internas; y eliminar cualquier duda o ambigüedad sobre el «estatus» oficial de la flota rusa en el Mar Negro en Sebastopol. Las propuestas tenían como fin «evitar un enfrentamiento violento». Propuestas muy en línea con los acuerdos de Minsk que EEUU nunca quiso reconocer realmente.

El establishment globalista no escuchó al antiguo hombre de estado. Por el contrario, en sus principales medios -The Washington Post, CNN, Financial Times, etc.– en 2014 se comenzó a hacer referencia a una nueva guerra fría y se instó a no ceder en sus aspiraciones sobre Ucrania. La crisis de acumulación pos2008, y el rediseño del capitalismo transnacionalizado, imponía como salida, según estas perspectivas, la subordinación de los poderes emergentes y una lucha por poner las reglas de juego del siglo XXI, como definió la administración Obama.

Analizar el comportamiento de Washington y la OTAN no «justifica» la guerra, ni tiene por objetivo legitimar o criticar el accionar de Rusia. El objetivo es tratar de entender el conflicto y romper la trampa propagandística de ver buenos y malos -en lugar de intereses geopolíticos, económicos y estrategias en lucha- que tiene como fin alinearnos en uno de los bandos en pugna. El desafío de los pueblos del Sur y de Nuestra América es construir nuestras propias miradas y fortalecer nuestras voces.

Gabriel Merino es investigador del CONICET, Profesor de la UNLP y co-coordinador del Grupo de Trabajo de CLACSO “China y el mapa del poder mundial”.

Fuente: https://www.lahaine.org/mundo.php/

El primer gran historiador del siglo XXI

Emir Sader

28/12/2021 | Publicado en la Red de Geografía Económica 1316/21 (https://groups.google.com/g/redgeoecon/c/kh5Ocal09d0/m/UzcxnVkjBgAJ)

La obra de Peter Frankopan es de esas que reposicionan los horizontes de interpretación del mundo -pasado, presente y futuro- y por eso puede considerarse como radicalmente innovadora.

“Todos los caminos solían conducir a Roma. Hoy te llevan a Beijing”. La provocadora afirmación del historiador inglés Peter Frankopan está estampada en la última portada de su libro “Las nuevas rutas de la seda” para expresar el carácter radicalmente nuevo de la obra de este autor, que puede ser considerado el primer gran historiador del siglo XXI.

¿Qué caracteriza su trabajo para ser considerado de esta manera? Dos de sus libros están en el corazón de sus teorías. El primero, El corazón del mundo, que está subtitulado: Una nueva historia universal de la Rueda de la Seda: el encuentro de Oriente y Occidente.

En su presentación, Frankpan ya expresa sus principales preocupaciones: “Hoy en día se está prestando mucha atención a evaluar el impacto probable del rápido crecimiento económico de China, donde se prevé que la demanda de artículos de lujo se cuadruplicará durante la próxima década o se mantendrá a la par del cambio social en la India, donde las personas que tienen acceso a teléfonos celulares superan en número a las que tienen inodoros con descarga de la cadena”.

Desde los albores de los tiempos, dice, el centro de Asia es donde se crearon los imperios. El principal comercio de bienes de alto valor fue el de la seda. Debido a la serie de roles importantes que tuvo la seda, se convirtió en una moneda internacional y no solo en un producto de lujo.

Tras abordar el surgimiento de la Ruta de la Seda, las creencias religiosas, el Islam, la esclavitud, llega a “el nuevo amanecer, que ha llevado a Europa al centro del escenario”, a pesar del terrible sufrimiento de los pueblos recién descubiertos. “La Era de los Imperios y el surgimiento de Occidente se basaron en la capacidad de infligir violencia a gran escala. La Ilustración y la Era de la Razón, la progresión hacia la democracia, las libertades civiles y los derechos humanos, no fueron el resultado de una cadena invisible que se remonta a la Antigua Atenas o un estado natural de las cosas en Europa: fueron el fruto del éxito político, militar y económico en continentes distantes”. Por primera vez en la historia, Europa ocupó el corazón del mundo.

La transición del siglo XX al XXI representó una especie de desastre para Estados Unidos y Europa, que libraron la fatídica lucha por mantener sus posiciones en los territorios que unen Oriente y Occidente.

En su último libro –hasta el momento, cuando está escribiendo un gran trabajo sobre la trayectoria de la cuestión ecológica en el tiempo–, Frankopan repasa sus tesis clásicas y las actualiza, dibujando un mundo cuyo eje regresó a Asia, con la decadencia definitiva de Europa y eurocentrismo y el declive de la hegemonía norteamericana.

Su obra es de esas que reposicionan los horizontes de interpretación del mundo -pasado, presente y futuro- y por eso puede considerarse radicalmente innovadora. Por eso lo considero el primer gran historiador del siglo XXI. Uno que sigue y rescata las grandes transformaciones de las últimas décadas del siglo XX y las primeras del siglo XXI.

Los más grandes historiadores del siglo XX -entre los que Eric Hobsbawn fue sin duda el más sistemático y el más trascendente, aunque hubo una plétora de grandes historiadores, la mayoría de ellos británicos-, con todas las grandes interpretaciones que nos dieron de un siglo tan notable como ése eran prisioneros de las transformaciones promovidas por la Revolución Industrial -con toda la plétora de otros fenómenos que la acompañaron- y del eurocentrismo.

Lo que rescata a Frankopan es un mundo que reivindica trayectorias mucho más remotas y que nos proyecta al siglo XXI en una perspectiva mucho más amplia y que revela el futuro de una manera mucho más abierta que las perspectivas que el siglo pasado parecía presentarnos. No es solo Asia -y China en particular- los que se recuperan y rescatan a lo largo de su milenaria trayectoria. Es el mundo, en su conjunto, lo que se recupera en el subtítulo de su libro: Una nueva historia universal de la Ruta de la Seda: el encuentro de Oriente y Occidente.

Una de las grandes preguntas que tenemos que hacernos es cómo ubicar a América Latina en este nuevo marco. Siempre hemos sido un subproducto de Occidente, su expansión y colonización del mundo. Siempre fuimos la periferia de Europa y Estados Unidos. Nuestra relación con Asia siempre estuvo mediada por estos continentes, nunca directamente.

Incluso la idea de la revolución y sus líderes, siendo asiáticos, desde Lenin hasta Mao, nos llegó a través del movimiento comunista europeo o del maoísmo francés. No sabíamos de la revolución china, excepto a través de los debates de la izquierda europea. Nuestro universo académico siempre ha estado completamente permeado por las modas intelectuales europeas, sus autores, sus temas, sus escuelas de pensamiento.

Solo más recientemente, debido a la expansión del comercio internacional con China es que comenzamos a tener relaciones directas con ese país. Aun así, las relaciones comerciales, que no implican relaciones con la historia y la cultura de China y Asia en su conjunto. China e India –aunque juntas representan la mayoría de la población mundial– eran, hasta hace poco y, de alguna manera, todavía lo son, mundos lejanos, con los que no tenemos relaciones estrechas y directas, ni siquiera por el conocimiento de cuáles son esos mundos, no por su cultura, música, literatura, su historia, sus costumbres. Solo nos llega su cocina, siempre intermediada por países europeos y Estados Unidos.

La primera expresión política de una relación directa con Asia, entre otras fuerzas, tuvo lugar en los Brics. Una eventual victoria de Lula permitirá la reincorporación de Brasil – y de América Latina- a los Brics con miras a consolidar una alianza estratégica entre América Latina con China y Rusia. Sería un elemento nuevo en la dirección que señala Frankopan como eje de su visión del mundo.

Fuente original: https://www.alainet.org/es/articulo/214498

Tras cuatro décadas gloriosas, el milagro económico de China parece estar por terminar

Edward Chancellor

22/11/2021 | Publicado en la Red de Geografía Económica el 14/11/2021

Los niveles de deuda corporativa y familiar, los peligros de la burbuja inmobiliaria y la desigualdad social están dejando al presidente Xi Jinping sin opciones para impulsar la economía china.

LONDRES.- El presidente chino Xi Jinping tiene una comprensión más cabal de los problemas económicos de su país que los propios inversores. Ya hace años que el vitalicio líder chino advirtió los peligros que entraña la burbuja inmobiliaria, el desorbitante nivel de deuda, la corrupción generalizada y la creciente desigualdad social. No son problemas exclusivos de la República Popular: en algún momento, todos los países de la región que adoptaron el así llamado “modelo de desarrollo asiático” enfrentaron problemas similares. El dilema de Xi es que China no tiene un camino fácil para superarlos.

El modelo de desarrollo asiático tiene características propias: la banca pública ofrece créditos baratos a las industrias de su elección, se mantiene pisado el valor de la moneda para impulsar las exportaciones, se reprime el consumo para generar ahorros que vayan a la inversión, y se adopta tecnología extranjera para lograr una rápida modernización. Desde la Segunda Guerra Mundial, la combinación de esas políticas demostró un éxito indiscutido para achicar la brecha de desarrollo entre Asia y Occidente.

Pero en Asia el crecimiento es inestable por naturaleza. Las tasas de interés artificialmente bajas crean burbujas inmobiliarias, como ocurrió enJapón a fines de la década de 1980 y en Tailandia unos años después. La plata dulce fomenta el endeudamiento excesivo, como pasó en el Sudeste Asiático a principios de los años 90. La capitalización a bajo costo alienta inversiones improductivas. La política de reprimir el consumo interno genera desequilibrios económicos. Y para colmo, cuando ese crédito es distribuido a dedo por bancos controlados por el Estado, la corrupción se multiplica, como ocurrió en Indonesia durante el régimen cleptocrático de Suharto.

El largo periodo de expansión económica de Japón terminó cuando a fines de 1989 el Banco de Japón decidió pinchar la burbuja inmobiliaria. Los “tigres” asiáticos, como se llamaba a las economías de rápido crecimiento de la región, desbarrancaron un par de años después. Como demostró el economista Paul Krugman por entonces, el “milagro” económico solo era sostenible con un crecimiento permanente del capital y la fuerza de trabajo. Cuando los acreedores extranjeros empezaron a retirar sus capitales, a mediados de los años 90, se desató la crisis financiera en la región.

Modelo

Consideremos ahora la situación actual de China. Desde que abrazo la reforma económica, a fines de la década de 1970, el Partido Comunista aplicó “un modelo de desarrollo asiático con anabólicos”, en palabras de Michael Pettis, de la Universidad de Pekín. Los ahorros y la inversión en China crecieron a niveles inéditos y el consumo cayó al nivel más bajo que nunca haya sufrido una economía asiática. La República Popular está sumida en la deuda, que desde la crisis financiera global de 2008 ha crecido alrededor de 100 puntos porcentuales en relación con el PBI del país. En el clímax de la burbuja inmobiliaria de Japón, se decía que tan solo el predio del Palacio del Emperador en Tokio valía más que todo el mercado inmobiliario de Canadá; hoy, se dice que en China hay suficientes propiedades vacías como para alojar a la totalidad de la población de Canadá, 38 millones de personas, y hasta sobrarían vacantes.

No es extraño entonces que el presidente Xi proclame que las viviendas son eso, lugares para vivir, no inversiones especulativas, y que el “desarrollo desequilibrado e inadecuado” del país había impedido mejorar la calidad de vida de millones de ciudadanos chinos. Ahora Xi reclama una “prosperidad común” que implica una reducción de la desigualdad. Al mismo tiempo, el presidente quiere reducir el exceso de capacidad, y hacer que la vivienda sea más accesible. Y todo eso debe lograrse “a la vez que se alienta un suave crecimiento económico” y esquivando la aparición de un “cisno negro”, vale decir, una crisis financiera.

Para mensurar los problemas que enfrenta China basta recordar lo que ocurrió con sus vecinos cuando cambiaron abruptamente de rumbo económico. El estallido de la burbuja inmobiliaria en Japón en 1990 hizo más accesibles las propiedades destinadas a vivienda, pero las esquirlas desataron dos crisis bancarias y hace décadas que la economía japonesa está sumida en una deflación persistente. Es cierto que últimamente Japón empezó a alentar el consumo, pero llegó cuando el crecimiento económico ya se había estancado. Pekín conoce demasiado bien lo que significó la década perdida para Japón, y no desea copiar la experiencia.

A mediados de la década de 1990, cuando los tigres asiáticos empezaron a tener problemas, se vieron obligados a tomar un rumbo diferente. Tras los problemas surgidos en Tailandia, los acreedores extranjeros pasaron a cobrar por ventanilla y corrieron a la puerta de salida. El contagio se esparció de país en país, incluidos Taiwán y Corea del Sur, que se jactaban de ser superavitarios y de contar con ingentes reservas en moneda extranjera. No fue precisamente un periodo de “suave crecimiento económico”, sino de derrumbe de las monedas, quiebre generalizado de empresas, rescates del FMI, y en el caso de Indonesia, agitación social que condujo a la caída de Suharto y sus secuaces. Malasia tuvo que introducir controles de capitales para frenar a los especuladores extranjeros.

El camino de los tigres

Pero por lo menos la crisis asiática tenía su costado positivo. Los países que sufrieron devaluaciones abruptas se volvieron mucho más competitivos. En 1999, la economía de Corea del Sur creció más de un 10%.

El estratega en inversiones Russell Napier, que fue testigo presencial de ese periodo y lo describe en su libro “La Crisis Financiera Asiática”, cree que China sigue el mismo camino que los tigres. En este momento, el yuan sigue laxamente pegado a la cotización del dólar, y en ese sentido, la Reserva Federal norteamericana tiene una influencia excesiva sobre la política monetaria de China. Eso es especialmente problemático si se piensa que el año que viene la Reserva Federal tiene pensado aumentar las tasas de interés, mientras que China, debido al decaimiento de su burbuja inmobiliaria, necesita abaratar el crédito. Abandonar ese anclaje al dólar, dice Napier, le devolvería independencia monetaria a Pekín.

Si China devalúa el yuan, su economía probablemente goce de un estallido de crecimiento a caballo de las exportaciones. Pero hay que ver si el resto del mundo se lo permite. China ya es el mayor exportador mundial. En su libro, Napier dice que la condescendencia de los gobiernos de Occidente con la manipulación de las monedas asiáticas “fue uno de los mayores errores de la historia”, ya que a partir de 1997 fogoneó las exportaciones de la región a expensas de millones de puestos de trabajo en Estados Unidos y Europa. Occidente no repetirá su error. Si Xi opta por la devaluación, tendrá que vérselas con Estados Unidos y sus aliados.

Nunca hay que subestimar la capacidad de Pekín para encontrar políticas que hagan avanzar la economía china. Pero en China los niveles de deuda corporativa y familiar son más altos que en Estados Unidos justo antes de la crisis de las hipotecas y el consecuente estallido de la burbuja inmobiliaria más grande de la historia, así que a Xi le quedan pocas opciones. Tras cuatro décadas gloriosas, el milagro económico de China finalmente parece estar por terminar.

Agencia Reuters

Traducción de Jaime Arrambide

Fuente de la imagen: HECTOR RETAMAL – AFP

Fuente original: https://www.lanacion.com.ar/el-mundo/tras-cuatro-decadas-gloriosas-el-milagro-economico-de-china-finalmente-parece-estar-por-terminar-nid12112021/

La derrota del imperio británico en Afganistán (Archivo)

Friedrich Engels​

09/09/2021 | Publicado en sinpermiso.info el 19/08/2021

Este artículo de Friedrich Engels, escrito en 1858, relata la derrota del ejército británico en Afganistán. Parece increíble que esta narración resulte tan actual a la vista de los sucesos ocurridos durante estas semanas y, más aún, como la agresión imperialista repite los mismos o parecidos errores. Fue derrotado el ejército británico; fue una catástrofe la invasión soviética en los años 80 del siglo pasado y lo ha sido la presencia militar norteamericana, con la participación de tropas españolas. No se puede oprimir a un pueblo ni se le puede imponer un gobierno corrupto sostenido por la presencia militar extranjera. Se puede estar muy en contra de la política de los talibanes pero el destino de Afganistán tiene que estar en manos de los afganos y afganas.

La posición geográfica de Afganistán y el carácter particular de su pueblo confieren al país una importancia política que no hay que subestimar en los problemas de Asia Central.

Afganistán ha estado sucesivamente sometido a la dominación mongola y persa. Antes de la llegada de los ingleses a las orillas del Indo las invasiones extranjeras que barrieron las llanuras del Indostán provenían siempre de Afganistán.

La conquista británica

El 20 de febrero de 1839 el ejército británico franqueaba el Indo. Estaba formado por alrededor de 12.000 hombres acompañados de más de 40.000 civiles, sin contar las nuevas tropas reclutadas por el Sha. El paso de Bolan fue atravesado en marzo. La falta de provisiones y de forraje para los animales comenzó a notarse; los camellos morían por centenares y una gran parte del equipaje se perdió. El 7 de abril, el ejército llegó al paso de Khojak, lo atravesó sin resistencia y el 25 de abril penetró en Kandahar, que los príncipes afganos, hermanos de Dost Mohammed, habían abandonado.

Después de un reposo de dos meses Sir John Keane, el comandante británico, avanzó con el principal cuerpo del ejército hacia el norte dejando una brigada en Kandahar bajo las órdenes de Nott. Ghazni, la plaza fuerte inexpugnable de Afganistán, fue conquistada el 22 de julio; un desertor informó al ejército de que la puerta de Kabul era la única que no estaba amurallada. Fue derribada y la ciudad fue tomada al asalto.

Después de este desastre el ejército reunido por Dost Mohammed (el líder afgano) se dispersó inmediatamente y Kabul abrió también sus puertas el 6 de agosto. El Sha Soojah fue instalado en el trono, pero la verdadera dirección del gobierno quedó en manos de McNaghten, que pagó todos los gastos del Sha Soojah a cargo del Tesoro indio.

Primeras resistencias

La conquista de Afganistán parecía resuelta y una parte considerable de las tropas fue repatriada. Pero los afganos no estaban nada satisfechos de ser gobernados por los kafir feringhee (los infieles europeos) y a lo largo de los años 1840 y 1841 se sucedieron las insurrecciones en todas las regiones del país. Las tropas anglo-indias estaban obligadas a combatir sin cesar. McNaghten declaró que esto era la situación normal de la sociedad afgana y escribió a Inglaterra que todo estaba controlado y que la autoridad del Sha estaba enraizando.

Las advertencias de los oficiales militares quedaron sin efecto. Dost Mohammed se rindió a los ingleses en octubre de 1840 y fue enviado a la India; todas las insurrecciones del verano de 1841 fueron reprimidas con éxito.

La bancarrota

En octubre, McNaghten, nombrado gobernador de Bombay, tuvo la intención de partir hacia la India con otro cuerpo del ejército. Pero la tempestad estalló. La ocupación de Afganistán costaba al Tesoro indio 1,25 millones de libras por año; había que pagar a 16.000 soldados, los anglo-indios y a los del Sha Soojah; otros 3.000 se encontraban en el Sind y el paso de Bolan. Los fastos reales del Sha Soojah, los salarios de los funcionarios y todos los gastos de su corte y su gobierno eran pagados por el Tesoro indio. En fin, los jefes afganos estaban subvencionados, o mejor dicho sobornados, por la misma fuente para que se sintieran a gusto.
McNaghten fue informado de la imposibilidad de mantener ese ritmo de gastos. Intentó restringirlos, pero la única manera de conseguirlo era reduciendo las asignaciones de los jefes.

El mismo día que intentó hacerlo, los jefes fomentaron una conspiración con el objetivo de exterminar a los ingleses; McNaghten en persona favoreció la concentración de fuerzas insurreccionales que, hasta entonces, habían luchado divididas contra los invasores, sin unidad ni coordinación. No hay ninguna duda de que en ese momento el odio de los afganos a la dominación británica había llegado a su apogeo.

En Kabul, los ingleses estaban dirigidos por el general Elphinstone, un viejo hombre indeciso y completamente desamparado que continuamente daba órdenes contradictorias. Las tropas ocupaban una especie de campamento fortificado tan extenso que las tropas apenas llegaban a vigilar las murallas, y aún menos a destacar hombres para controlar los alrededores. Las defensas eran tan imperfectas que se podía atravesar a caballo el foso y el parapeto. Como si esto no fuera suficiente, el campamento estaba dominado, casi a tiro de mosquete, por pequeñas elevaciones. Para coronar lo absurdo de estas disposiciones, todas las provisiones y el material médico se encontraban en dos fuertes distintos a cierta distancia del campamento, que además estaban separados por jardines rodeados de muros y por otro pequeño fuerte que los ingleses no ocupaban. La ciudadela de Bala Hissar de Kabul hubiera ofrecido cuarteles de invierno sólidos y espléndidos a todo el ejército, pero, para dar gusto al Sha Soojah, no estaba ocupada.

La insurrección

El 2 de noviembre de 1841 estalló la insurrección. La casa de Alexander Burnes fue atacada y él asesinado. El general inglés no hizo nada y la impunidad reforzó la insurrección. Elphinstone, completamente desamparado, abandonado a toda suerte de consejos contradictorios, pronto alcanzó la confusión que Napoleón describió en tres palabras: orden, contraorden, desorden. La ciudadela de Bala Hissar no siempre estaba ocupada. Algunas compañías fueron enviadas contra los miles de insurgentes y fueron abatidos, lo que aún envalentonó más a los afganos.

El 3 de noviembre fueron ocupados los fuertes próximos al campamento. El 9, el fuerte de intendencia (defendido por sólo 80 hombres) fue tomado por los afganos y los ingleses se quedaron sin provisiones para comer. El 5, Elphinstone habló ya de comprar el derecho a salir del país. De hecho, a mitad de noviembre, su indecisión e incapacidad habían desmoralizado de tal manera a las tropas que ni los europeos ni los cipayos (tropas indias al servicio de los ingleses) estaban en condiciones de encontrarse con los afganos en el campo de batalla.

Se iniciaron las negociaciones. En ellas, McNaghten fue asesinado en una conferencia con los jefes afganos. La nieve empezaba a cubrir el suelo, las provisiones eran escasas. Por fin el uno de enero se firmó la capitulación. Todo el dinero, 190.000 libras esterlinas, tuvo que ser entregado a los afganos con otros pagos suplementarios de 140.000 libras. Hubo que dejar en el país toda la artillería y las municiones con la excepción de seis cañones de seis y tres piezas de artillería. Todo Afganistán debía ser evacuado. Como contrapartida, los jefes afganos prometieron salvoconductos, provisiones y bestias de carga.

El desastre

El 5 de enero los ingleses abandonaron el país, 4.500 soldados y 12.000 civiles. Una jornada de marcha fue suficiente para disipar los últimos vestigios de orden y los soldados y civiles se empezaron a mezclar creando una confusión horrorosa y haciendo imposible toda resistencia. El frío, la nieve y la falta de alimento tuvieron el mismo efecto que la retirada de Napoleón de Moscú en 1812. En esa ocasión los cosacos se mantuvieron a una distancia respetable, pero los tiradores de elite afganos, furiosos, armados de mosquetes de largo alcance, ocupaban todas las alturas y hostigaban a los ingleses. Los jefes que habían firmado la capitulación de los ingleses no podían ni querían retener a las tribus de las montañas. El paso de Koord-Kabul fue la tumba de casi todo el ejército y los pocos supervivientes, menos de doscientos europeos, cayeron en la entrada del paso de Jugduluk. Sólo un hombre, el doctor Brydon, consiguió llegar a Jalalabad y contó la historia. Muchos oficiales fueron hechos prisioneros por los afganos; Jalalabad estaba ocupada por la brigada de Sale. Se le exigió la capitulación, pero rechazó abandonar la ciudad, como también hizo Nott en Kandahar. Ghazni también cayó; ni un solo hombre sabía utilizar la artillería y los cipayos también sucumbieron al clima.

Una expedición de castigo

Durante este tiempo, cerca de la frontera, las autoridades británicas que habían conocido el desastre de Kabul, concentraron en Pesawar tropas destinadas a relevar a los regimientos de Afganistán. Pero los medios de transporte eran escasos y gran número de cipayos cayeron enfermos. En febrero el general Pollock tomó el mando y a finales de marzo de 1842 recibió refuerzos.

Atravesó el paso de Khyber y avanzó para llevar ayuda de la ciudad de Sale a Jalalabad. Días más tarde Sale había derrotado al ejército afgano que la rodeaba. Lord Ellenborough, gobernador general de las Indias, ordenó un repliegue a las tropas, pero Nott y Pollock encontraron una buena excusa aduciendo falta de medios de transporte. Finalmente, a principios de julio, la opinión pública en la India obligó a Lord Ellenborough a hacer alguna cosa para restaurar el honor de la nación y el prestigio del ejército británico; en consecuencia, autorizó el avance sobre Kabul a partir de Kandahar y Jalalabad.

A mediados de agosto Pollock y Nott se pusieron de acuerdo respecto a sus movimientos y el 20 de agosto Pollock emprendió el camino hacia Kabul. Llegó a Gandamuck; el 23 venció a destacamentos afganos, el 8 de septiembre alcanzó el paso de Jugduluk, el 13 venció a las tropas reunidas por el enemigo en Tezeen y el 15 destrozó el campamento bajo los muros de Kabul.

Nott evacuó Kandahar el 7 de agosto y marchó con todas sus tropas hacia Ghazni. Después de algunos combates poco importantes, el 30 de agosto derrotó a una parte importante del ejército afgano y el 6 de septiembre ocupó Ghazni abandonada por el enemigo. Destruyó todas las fortificaciones y la ciudad; el 17 de septiembre venció de nuevo a los afganos en la plaza fuerte de Alydan y el 17 de septiembre llegó cerca de Kabul y logró entrar en contacto con Pollock.

El Sha Soojah hacía tiempo que había sido asesinado por ciertos jefes afganos y desde entonces no había gobierno real en Afganistán. Futteh Jung, su hijo, no era rey más que de nombre. Pollock envió un destacamento de caballería para liberar a los prisioneros, pero éstos habían logrado sobornar a sus guardianes.

La derrota

Como represalia, el bazar de Kabul fue destruido y, en esta ocasión, los soldados saquearon una parte de la ciudad y masacraron a un gran número de habitantes. El 12 de octubre, los ingleses abandonaron Kabul y volvieron a la India pasando por Jalalbad y Pesawar. Futteh Jung, abandonando su función, les siguió. Dost Mohammed, liberado de su prisión, recuperó su reino. Así se acabó la tentativa de los ingleses de instalar un príncipe fabricado por ellos en Afganistán.

Traducción: Miguel Salas

Fuente: https://www.sinpermiso.info/textos/la-derrota-del-imperio-britanico-en-afganistan

Afganistán limita con China

Xulio Ríos

30/08/2021 | Publicado en la Red de Geografía Económica 1007/21 (https://groups.google.com/g/redgeoecon/c/gFq1YEmoK_0)

La estrepitosa derrota de EEUU y la OTAN en Afganistán amenaza con un caudal de consecuencias. Y la respuesta a casi todas las preguntas a futuro pasa por China.

EEUU embarcó a la “comunidad internacional” en la guerra y ahora deja a todos en el más absoluto de los abandonos, empezando por los propios afganos a quienes se decía querer proteger. Se apuntan varias razones y escenarios: desde la insostenibilidad económica del conflicto a una retirada pactada con el propósito de concentrar todos sus recursos en enfrentar el diferendo hegemónico con China, el más vital en los próximos años. ¿Pueden los talibán acabar convirtiéndose en el ariete que golpee a China en Xinjiang? Para Beijing es una de sus máximas preocupaciones; no obstante, lleva tiempo buscando un entendimiento con el nuevo poder afgano, que podría fructificar ahora. La observación del principio de no interferencia en los asuntos internos de otros estados, un pilar esencial de su política exterior, puede facilitarle las cosas.

Lo ocurrido estos días no solo recuerda a Saigón (1975) sino también a la Guerra del Golfo (1991). La impotencia de la URSS entonces sentenció su deriva en un año determinante. Treinta años después, lo que acontece en Afganistán bien pudiera tener un efecto geopolítico similar. El crédito internacional de EEUU y la OTAN está bajo mínimos, mientras la confianza y la proactividad chinas toman la delantera, reforzándose con una estrategia sobre otras bases que pondrá el acento en el desarrollo y no en el recurso a la fuerza militar.

¿Cómo hacer creíble que priorizamos los derechos humanos sobre cualquier otra consideración en la política exterior occidental cuando ahora se deja a los afganos, especialmente a las afganas, a expensas de la barbarie talibán? Los fracasos (de Libia a Irak, Afganistán o Siria) se acumulan en la estrategia de intervención occidental para la “construcción de naciones democráticas”.

La Administración Biden tendrá que explicar muy bien las razones a sus aliados para animarles, una vez más, a acompañar su estrategia (ahora de confrontación con China para preservar su hegemonía) y convencerles de que no se traducirá a corto plazo en un embarazoso fracaso. ¿Puede Taipéi, por ejemplo, a la vista de lo sucedido, confiar en esta Administración para mantener el pulso soberanista con Beijing? ¿Pueden hacerlo los países del Sudeste asiático, India o Japón, quizá Australia? ¿Puede la propia UE sometida a presiones para embarcarse en una nueva guerra fría? Buscando pleitos por doquier para debilitar a China pero sin estrategias económicas claras, muchos secundan a regañadientes las exigencias de la asertiva diplomacia estadounidense.

La incapacidad mostrada por EEUU y la OTAN para garantizar la paz, la seguridad y el desarrollo en Afganistán, culminada con una retórica derrotista y la desesperación de la huida suponen un éxito para los talibán; pero, además, podría tener el potencial suficiente para transformar radicalmente a corto plazo el entorno de seguridad regional y quebrar el liderazgo occidental en la zona.

Afganistán fue territorio chino durante la dinastía Tang, hace 12 siglos. Lo acontecido representa una oportunidad para que China incremente su influencia regional. Beijing no va a desentenderse. Primero, le importa la seguridad de la zona en aras del impacto que su deterioro puede tener en Xinjiang. Segundo, el liderazgo cabizbajo de Washington representa una importante oportunidad estratégica para desafiar su poder en toda la región. Tercero, Afganistán puede representar un nuevo pilar en su Ruta de la Seda, que afianzaría la vía terrestre. Cuarto, una relación estable con el nuevo poder en Kabul podría facilitar también su relación con Pakistán y compensar la fragilidad de su situación en la ruta marítima. Quinto, a ello podríamos añadir los beneficios económicos derivados de la exploración de los recursos de Afganistán (China es el primer inversor exterior en el país).

El reto inmediato para China consiste en llenar el enorme vacío dejado por la atropellada salida occidental, estableciendo una relación normalizada con el nuevo poder en Kabul. Para China, es muy importante contar en su retaguardia con un gobierno no hostil ante la hipótesis de un empeoramiento de la situación en el Estrecho de Taiwán o en los mares de China donde las políticas de asedio que promueve EEUU (léase QUAD) afrontarán ahora una prueba de credibilidad decisiva.

Fuente original: https://politica-china.org/areas/politica-exterior/afganistan-limita-con-china

Afganistán, el mayor revés geopolítico del siglo

Lluís Bassets

23/08/2021 | Publicado en la Red de Geografía Económica 959/21 (https://groups.google.com/g/redgeoecon/c/quXUQHW-p_4)

Los talibanes tenían razón. Ashraf Ghani presidía un régimen títere, organizado y dirigido por los extranjeros occidentales. Antes parecía propaganda, pero ahora lo han demostrado los hechos, cuando el ejército afgano se deshizo sin siquiera combatir y el propio presidente huyó al exilio sin llamar a la resistencia ni ofrecer más alternativa que el reconocimiento resignado de la victoria talibana.

Hay un argumento para tan rápida descomposición de la democracia construida por Estados Unidos y sus aliados durante 20 años. Se trata de “culpar a los afganos por cómo ha terminado todo. Fallaron las fuerzas de seguridad. Falló el gobierno afgano. Falló el pueblo afgano”.

La exsecretaria de Estado Condoleezza Rice ha calificado tal explicación de “corrosiva y profundamente injusta”, pero quien la promovió es nada menos que el responsable último de la retirada, el propio presidentejo ebid en, en su a locución del lunes pasado, en la que aseguró :“les dimos [a los afganos] todas las posibilidades para determinar su futuro”.

A la enorme trascendencia geopolítica del golpe –la derrota de una superpotencia a manos de una paciente y astuta guerrilla fundamentalista de 75.000 hombres– se suman los efectos psicológicos, en la opinión pública estadounidense y en la opinión internacional. Nadie quería ver de nuevo la imagen del último helicóptero que despegaba del techo de la embajada de Estados Unidos en Saigón ante la entrada del Vietcong en la capital sudvietnamita, pero hemos tenido la foto del helicóptero en Kabul y sobre todo las imágenes de personas que caen a plomo desde los aviones en los que querían huir en el momento en que se elevaban sobre la pista del aeropuerto.

Las estampas del descalabro están ahí. Significan lo que significan: la ignominia inevitable de una derrota. No hay derrotas buenas, Ni guerras que acaben ordenadamente. Tampoco hay victorias en las guerras de ahora, que son asimétricas. Ni guerras buenas y justas, como pretendía ser la que Washington declaró y organizó en Afganistán. Pero detrás de las imágenes está su significado: los errores de los que las emprendieron, en Vietnam y hace 20 años en Afganistán, la incapacidad para evitar la escalada en las hostilidades, primero; luego, para frenar y terminar lo antes posible, y finalmente el sinsentido, a la vista de todos, de haberlas librado.

No es nuevo el fantasma de Vietnam, ahora evocado por muchos y rechazado con ira por la Casa Blanca. Obama ya tuvo que enfrentarse con él, gracias precisamente a su embajador especial para Afganistán y Paquistán, Richard Holbrooke, el artífice de los acuerdos de paz de Dayton (1995), con los que concluyó la guerra de Bosnia. Holbrooke fue autor también de un memorándum dirigido al presidente Johnson, considerado por su biógrafo George Packer “uno de los mejores análisis escritos sobre Vietnam por parte de un diplomático estadounidense” .

En 1974, Holbrooke comparaba la desastrosa Guerra de Vietnam con la campaña de Napoleón en Rusia en 1812. “Hanoi utiliza el tiempo como el instrumento que los rusos utilizaban sobre el terreno ante la avanzada de Napoleón sobre Moscú, siempre retirándose, perdiendo todas las batallas, pero creando en cada ocasión las condiciones en las que el enemigo quedaría paralizado”. Sus notas de 2009 comparan ahora Afganistán con vietnam .“todo es diferente, pero es igual. pienso que debe reconocer se que la victoria militar es imposible y debemos buscar las negociaciones”.

A 20 años de la activación del artículo 5 del Tratado del Atlántico Norte, utilizado por primera vez para acudir en auxilio de Estados Unidos ante los ataques del 11 de Septiembre, el balance desde Bruselas no puede ser más negativo. La respuesta a la solidaridad europea fue la marginación y la unilateralidad en la toma de decisiones, convirtiendo el lema de “juntos dentro y juntos fuera” en un chiste de mal gusto. Este fracaso es un obús contra la solidaridad atlántica en el plano de los hechos, después de que la presidencia de Trump lo lanzó meramente en el plano declarativo con sus amenazas de abandonar la alianza a menos que los países socios aumentaran su contribución económica.

Sobre el mapa geopolítico, es evidente que Rusia y China, aliados cada vez más estrechos, están sustituyendo a Estados Unidos y Europa, especialmente en regiones tan inestables como Afganistán. La guerra global contra el terrorismo de George W. Bush primero, la cautelosa aproximación de Barack Obama y el caos de Donald Trump dibujaron los vacíos de poder ante los ojos ávidos de Moscú y Pekín. Pero el cambio de rasante hacia la construcción de un nuevo orden multipolar (con China como principal protagonista) se ha producido ahora, a los seis meses de la toma de posesión de Biden, el presidente que quedará señalado por su derrota ante los talibanes.

Garantía

La única, pero fundamental, condición que China estará en disposición de demandar a cambio del apoyo diplomático y económico es la garantía de que Afganistán no se convertirá en el santuario de los uigures musulmanes oprimidos por el régimen comunista en Xinjiang. Este momento geopolítico no quedará definido únicamente por las derivas económicas y militares, como la segura inclusión de Afganistán en los grandes proyectos de infraestructura de la Nueva Ruta de la Seda impulsada por Pekín.

Todavía más seria es la pérdida de credibilidad de la Casa Blanca y de fiabilidad profesional y capacidad disuasiva tanto de su ejército como de su espionaje. Es un mensaje desalentador para todas las fuerzas y minorías que se resisten a los ímpetus autoritarios en Hong Kong, Tíbet, Xinjiang o Bielorrusia y para los impulsos anexionistas en dirección a Ucrania o Taiwán.

La instalación del régimen talibán es en todo caso una oportunidad para los países vecinos (Rusia, China, Irak, Paquistán e Irán), obligados a intentar un statu quo a su conveniencia mediante la diplomacia y la cooperación económica, en contraste con el modelo de democratiza ción militarizada ensayado por Estados Unidos y la OTAN. Con el prestigio de la democracia occidental por los suelos, también sale reforzado el modelo autoritario de Pekín, Moscú y Teherán.

En una visión del mundo centrada en Asia, la caída de Kabul es la culminación de una historia que empezó hace más de un siglo en el estrecho de Tsushima (1905), donde por primera vez una potencia europea fue derrotada por una potencia asiática emergente, en una batalla naval en la que los japoneses casi hundieron la flota rusa entera. Si el desastre de Tsushima anuncia el ascenso irrefrenable del nacionalismo en Asia frente a los poderes imperiales occidentales, la caída de Kabul es un momento culminante del desalojo occidental del continente y la inauguración de un orden regional organizado por los propios asiáticos.

En Afganistán ha fracasado el intento occidental –y especialmente de Estados Unidos– de modelar el mundo a su imagen después de la victoria en la Guerra Fría. El internacionalismo liberal, tan bien re presentado por Bushy los neocons que promovieron las guerras de Afganistán y de Irak, pretendía extender la democracia a partir de la posición hegemónica de Estados Unidos, también mediante el uso de la fuerza, y naturalmente de unas instituciones internacionales controladas por el hegemón occidental.

La crítica más acerba a la política exterior que condujo al actual desastre la realizó John J. Mearsheimer, uno de los más conspicuos representantes de la teoría realista de las relaciones internacionales, en su libro The Great Delusion: Liberal Dreams and International Realities (El gran espejismo: sueños liberales y realidades internacionales). En él, se propone explicar por qué la política exterior de Estados Unidos de la post-guerra Fría es tan propensa al fracaso y se interesa especialmente por los reiterados fiascos experimentados en Oriente Próximo.

Mearsheimer señala en su libro, publicado en 2018, que “no hay posibilidad alguna de derrotar a los talibanes para convertir el país en una democracia estable. Lo mejor que se puede hacer es dilatar el plazo para que los talibanes, que ahora controlan el 30% del país, obtengan el control de todo el resto”. “En resumen –señala–, Estados Unidos está destinado a perder Afganistán, a pesar de los esfuerzos militares hercúleos y de haber invertido más dinero en su reconstrucción que el que se destinó al Plan Marshall para toda Europa”.

Según Mearsheimer, el internacionalismo liberal será derrotado por el nacionalismo presente en todos los países pretendidamente redimidos y por las exigencias del realismo y del equilibrio de poder, las únicas doctrinas eficaces en el terreno de las relaciones internacionales, que precisamente ponen en práctica con gran destreza potencias como Rusia o China. Cuando los liberales internacionalistas tienen la hegemonía, tienden a utilizar la fuerza para imponer la democracia sin atender a las enseñanzas de Clausewitz sobre “el reino de las consecuencias imprevisibles” inherente a toda decisión bélica.

Será una vuelta de tuerca en el desplazamiento del poder hacia Asia con consecuencias especialmente para los aliados: los europeos, pero también los asiáticos, empezando por la India y Japón, los países más expuestos a los movimientos geoestratégicos que protagonizará China en los próximos años. Sin apenas moverse, sentado a la espera de ver pasar el cadáver del enemigo, Xi Jinping ha coronado en Afganistán una espléndida jugada del go geopolítico con la que ha echado a Estados Unidos del tablero y dejado en posición de debilidad a sus aliados.

© El País, SL

Fuente original: https://edicionimpresa.lanacion.com.ar/la-nacion/20210823/textview

La edad de China

Rafael Poch de Feliu

18/08/2021 | Publicado en el Blog Personal de Rafael Poch de Feliu el 10/08/2021

Occidente lleva varias décadas contemplando el pujante ascenso de China pero tiene dificultades para explicarlo y diagnosticarlo. Por ejemplo, ante la pregunta ¿cuál es la diferencia fundamental entre el sistema chino y los sistemas occidentales?, la ortodoxia liberal occidental suele responder hablando de “dictadura”, “derechos humanos” y “democracia”. La verdadera diferencia es la superior capacidad de gobierno. La política demográfica como ejemplo.

En todas partes los gobiernos gobiernan más o menos, en el sentido de que frecuentemente es la inercia, la corriente de las cosas y la fuerza de las circunstancias la que les gobierna a ellos. En China, desde luego, también. Pero menos. Porque el sistema político tiene las riendas de la gobernanza mejor sujetas. El poder político controla los nombramientos de los principales banqueros del país y los multimillonarios están sometidos sea cual sea su fortuna. El país está plenamente inserto en la globalización pero la propiedad extranjera de los principales bancos comerciales tiene un tope establecido, pese a las décadas de presiones occidentales para que se liberalice todo el sector.

No es una cuestión de “partido comunista”, “Estado autoritario” y demás, sino que es algo que viene de mucho más lejos: de la tradición de gobierno china en la que el estado regula el mercado y no al revés, como sucede actualmente en Occidente hasta el punto de que la canciller Merkel admite abiertamente propugnar una “democracia acorde con el mercado” (Marktkonforme Demokratie).

Planificación, anticipación

Aquí son los banqueros, y con ellos el casino, quienes gobiernan a los políticos, por decirlo de una manera esquemática, mientras que en la tradición china, mandan los políticos. Era así ya hace muchos siglos antes de que apareciera el Partido Comunista Chino. En las condiciones actuales, eso ofrece mucha mayor capacidad de gobernar. La posibilidad de planificación a veinte o treinta años, algo imposible en Occidente donde los cálculos políticos no suelen superar la perspectiva del quinquenio electoral, es consecuencia directa de dicha capacidad. Todo esto tiene una relación directa con los resultados del último censo de población chino.

Divulgados en mayo, esos resultados han confirmado una población de 1400 millones que ha seguido creciendo pero que está a punto de iniciar la curva del descenso, seguramente antes de diez años. Para entonces China ya no será el país más poblado del mundo, India la superará, y también África en su conjunto tendrá más habitantes que ella, lo que anuncia la multiplicación hacia Europa de la actual presión migratoria. (¿Tiene Europa alguna política de anticipación y capacidad de planificación en general, al respecto?)

Hace años que el gobierno chino tomó medidas para anticiparse a su actual tendencia demográfica que le dejará una estructura poblacional anciana muy parecida a la de Japón o Corea del Sur, con grandes implicaciones económicas y sociales.

Desde inicios del siglo se está poniendo en marcha un sistema de pensiones universal. A principios de año el gobierno confirmó su intención de retrasar algunos meses cada año la edad de jubilación, que desde hace cuarenta años es de 60 años para los hombres y 55 para las mujeres -50 en el caso de las funcionarias. La abandonada y en gran parte mercantilizada sanidad se está transformando en una dirección más social y la exitosa, aunque frecuentemente denostada en Occidente, política del hijo único lleva años modificándose.

Población y desarrollo

Desde tiempos inmemoriales la enorme población china ha sido doblemente clave para explicar tanto su potencia como su vulnerabilidad. En los inicios de la dinastía Ming, hacía 1390 China tenía entre 65 millones y 80 millones de habitantes, más que toda la población europea. En 1790 había sobrepasado los 300 millones, el doble que Europa. La gran población hizo posible los desarrollos que tanto admiraron a los viajeros occidentales a lo largo de los siglos en los que China fue el país más avanzado, pero también agravaban las consecuencias de los periodos de caos (Da luan). Entre 1620 y 1681, China perdió el 30% de su población, unos 50 millones, por causa de guerras, invasiones extranjeras, desastres naturales, bandidismo y epidemias. La abundancia de mano de obra que permitió grandes obras públicas de irrigación, frenó también la mecanización e incluso hizo superflua la tracción animal. En el inicio de la decadencia, el exceso de fuerza de trabajo humana fue un claro freno al desarrollo.

Después de la revolución, los primeros y defectuosos censos de población registraban un gran crecimiento: 582 millones en 1953 y 694 millones en 1964. Había diferencias entre los dirigentes sobre la conveniencia de introducir controles de natalidad (Zhu Enlai lo propugnaba desde 1956 pero su corriente fue purgada por “derechista”). Las nuevas libertades de la mujer, la caída drástica de la mortalidad infantil como consecuencia de mejoras sanitarias y el aumento de la esperanza de vida por una mejor alimentación, así como la prohibición de la prostitución y el cierre de conventos y monasterios, estimularon la demografía superando la catástrofe del Gran salto adelante (la mayor hambruna del siglo XX por la confluencia de desastres naturales y decisiones políticas), que dejó unos 20 millones de muertos.

La campaña del hijo único

En los sesenta y principios de los setenta, muchas familias tenían cinco y seis hijos. En 1982 se hizo el primer censo exacto, que arrojó más de 1000 millones de habitantes. Entonces se alcanzó el consenso entre los dirigentes de llevar a cabo un enérgico plan de control de población para evitar que los avances en desarrollo fueran devorados por el incremento demográfico, una trampa clásica en los países en desarrollo. La campaña no fue sencilla. Particularmente en el sur del país, la corrupción lograba que los pudientes torearan la ley que, por supuesto, incluyó coerción. Mucha gente huía cuando los equipos de esterilización llegaban a los pueblos para las llamadas “cuatro operaciones” (colocación del DIU, aborto, ligadura de trompas y vasectomía) y muchos funcionarios responsables del control tuvieron que trabajar con escolta armada, pero en su conjunto esa política fue un acierto que ahorró al país 400 millones de nacimientos potenciales que habrían superado la capacidad de abastecimiento del país.

La cancelación del límite de dos hijos, que a su vez fue una enmienda al precepto de un solo hijo, y la posibilidad de que las parejas tengan hasta tres hijos anunciada en mayo, es una anticipación a los problemas futuros de envejecimiento. Sus consecuencias están por ver. La gran urbanización de las últimas décadas ha cambiado profundamente la sociedad china. Los deseos de procrear de las parejas urbanas se someten a nuevos cálculos de costes y presupuestos domésticos. Así, una encuesta divulgada en junio por la agencia Xinhua reveló que el 90% de los jóvenes chinos consultados no consideran tener tres hijos. Demasiado costoso.

“Mucha gente, poca tierra”

Superando los 1400 millones de habitantes, China está hoy muy cerca del tope de los 1600 millones más allá del cual el país carece de recursos alimentarios para abastecer a su población, según la estimación de la Academia de Ciencias. Todas las virtudes del sistema chino, que también tiene defectos sobrados, no impiden que en el ámbito de los recursos China esté llamada a enfrentarse a dilemas existenciales con una crudeza y gravedad desconocida en otras latitudes. La crítica relación entre su enorme población y la poca tierra cultivable que dispone es uno de ellos.

Conocido por la fórmula “mucha gente, poca tierra” (ren duo – tian shao), ese problema se resume en el hecho de que con solo el 6% de la tierra cultivable del mundo, China da de comer al 22% de la población mundial. Eso significa una ridícula proporción de tierra cultivable per cápita (0,093 hectáreas- media hectárea por explotación), es decir, menos del 40% de la media mundial, diez veces menos que la media rusa, ocho veces menos que la de Estados Unidos y la mitad que en India. Unido a la particular geografía china Este/Oeste (en el Este se encuentra la China relativamente llana, densamente poblada y Han, en el Oeste hay una China montañosa, desértica, pastoril, étnicamente más mestiza y diversa) y al desigual reparto de recursos hídricos (Norte/Sur), todo ello redunda en un delicado equilibrio.

Giro estratégico

Más allá de ese problema de seguridad alimentaria que el último plan quinquenal (2021-2025) ha colocado en el centro de las preocupaciones, el rápido envejecimiento que está por venir deja a China sin más alternativa aparente que la automatización doméstica a la japonesa y la deslocalización del trabajo intensivo en mano de obra hacia latitudes con poblaciones en edad laboral en dinámico crecimiento, como puede ser África.

La inversión china en África no es solo una estrategia nacional. También es un regalo a la Unión Europea a la que puede ahorrar muchos problemas de emigración en el futuro pese a lo cual esa intervención es vista con recelo en Bruselas, lo que nos lleva, de nuevo, al problema de los defectos e incapacidades de anticipación de la política occidental. China está invirtiendo fuertemente en robótica, medicina, biología sintética, células nanobóticas y otras tecnologías que pueden mejorar y extender la vida productiva de las personas mayores. Pero toda esta adecuación se inscribe dentro de un cambio fundamental y superior en la estrategia china de desarrollo para tiempos convulsos.

Los dirigentes chinos han comprendido que el propósito de Estados Unidos es aislar a su país para impedir su pujante ascenso, cuya siguiente fase apunta a un proceso no militarizado de integración mundial expresado en la llamada Nueva Ruta de la Seda. Para ello Estados Unidos utiliza una combinación de cercos y tensiones militares, campañas propagandísticas, sanciones y bloqueo de acceso a altas tecnologías. La línea emprendida desde 1980, de crecimiento intensivo en capital, exportación barata e importación masiva de tecnología, se ha agotado para China. La llamada estrategia de “doble circulación” anunciada el año pasado por el Presidente Xi Jinping, no rechaza la cooperación económica con el mundo exterior pero pone en primer plano la producción y el consumo interno.

Como dice Aleksandr Lománov, del Instituto de relaciones internacionales de Moscú (Imemo-Ran), “la política de apertura se combinará con la creación de industrias y tecnologías necesarias para proteger la soberanía económica”. No es un regreso a la era del aislamiento y la autosuficiencia de los años 1960 y 1970, pero es algo diferente de las aperturas que desembocaron en la “fábrica del mundo”.

Una nación prudente por lo anciana

China ya es anciana por la estructura de su pirámide demográfica: para el 2050, el 30% o 35% de su población tendrá más de sesenta años. Una estructura poblacional con pocos jóvenes es lo que los sociólogos consideran poco proclive a la violencia y la aventura. Pero China es también una anciana por su “edad histórica”, es decir como heredera de una tradición política continua de dos mil años y de una civilización de cuatro mil, lo que traducido es como si en nuestros días existiera el Imperio romano o como si el Egipto faraónico hubiera mantenido su identidad cultural. Esa capacidad de sobrevivir merece la pena de ser explorada sin prejuicios y con la mente abierta, precisamente ahora cuando la humanidad se enfrenta a amenazas existenciales creadas por ella misma, como el calentamiento antropogénico, la proliferación de recursos de destrucción masiva o las enormes desigualdades sociales y regionales.

El resurgir de China como potencia global no es un ascenso, sino un regreso: China ya fue en el pasado primera potencia. El dominio económico, político, militar y cultural de Occidente lleva durando solo unos doscientos años. Hasta hace unos doscientos años y a lo largo de dos mil, China era la civilización más potente y adelantada. Ser poderoso por primera vez no es lo mismo que volver a serlo. Lo primero suele llevar consigo la impulsiva euforia exploradora del pionero y un espíritu de juvenil revancha. Lo segundo incluye las enseñanzas de los fracasos, miserias, derrotas y humillaciones de la decadencia que en el pasado ya la descabalgaron una vez del primer puesto. El ascenso abre puertas a la vehemencia y la arrogancia. El regreso sugiere sensatez y consideraciones derivadas de la experiencia como la de evitar errores conocidos.

Al lado de la violenta e impetuosa juventud de Occidente, y en particular de la adolescencia norteamericana, la senectud asiática podría presentar ciertas ventajas de cara a una gobernanza global viable, es decir no militarizada e integradora.

Fuente original: https://rafaelpoch.com/2021/08/10/la-edad-de-china/

O Grande Jogo Novo volta ao básico

Pepe Escobar

26/07/2021 | Publicado en la Red de Geografía Económica 820/21 (https://groups.google.com/g/redgeoecon/c/UiPYlbEX9pU)

A aliança Rússia-China-Irã segura o touro afegão pelos chifres.

O chanceler chinês Wang Yi vai passar a semana num tour da Ásia Central. Ele vai visitar o Turcomenistão, o Tajiquistão e o Uzbequistão. Esses dois últimos são membros plenos da Organização de Cooperação de Xangai (OCX), fundada há vinte anos.

Os pesos-pesados da OCX, obviamente, são a China e a Rússia. Além deles, há quatro “istãos” da Ásia Central (com a exceção do Turcomenistão), a Índia e o Paquistão. É importante notar que o Afeganistão e o Irã são observadores, juntamente com a Bielorússia e a Mongólia.

E isso nos leva ao que vai acontecer nesta quarta-feira 14, em Dushanbe, a capital tajique. A OCX irá realizar uma reunião 3 em 1: encontros do Conselho dos Ministros da Relações Exteriores; o Grupo de Contato OCX-Afeganistão; e uma conferência intitulada “Ásia Central e do Sul: Conectividade Regional, Desafios e Oportunidades”.

Na mesma mesa, portanto, estarão Wang Yi, seu parceiro estratégico muito próximo Sergey Lavrov e, principalmente, o Chanceler do Afeganistão, Mohammad Haneef Atmar, debatendo as dificuldades e tribulações subsequentes à retirada do Hegêmona e ao vergonhoso colapso do mito da “estabilização do Afeganistão pela OTAN.

Imaginemos um cenário possível: Wang Yi e Lavrov dizem a Atmar, em termos nada vagos, que terá que haver um acordo de reconciliação nacional com o Talibã, negociado pela China e pela Rússia, sem qualquer interferência dos Estados Unidos, e que esse acordo inclua o fim do caminho de rato de ópio-heroína. Rússia e China extraem do Talibã uma firme promessa de que eles não permitirão que o jihadismo se intensifique. O passo final: montanhas de investimentos produtivos, o Afeganistão é incorporado à ICR e, mais adiante, à União Econômica Eurasiana (EAEU).

A declaração conjunta da OCX, a ser divulgada na quarta-feira, será particularmente esclarecedora, pois talvez venha a detalhar de que modo a organização planeja coordenar um futuro processo de paz de fato no Afeganistão. A OCX tem agora a oportunidade de implementar o que há anos já vem discutindo: que só uma solução asiática faz sentido para o drama afegão.

Sun Zhuangzhi, diretor-executivo do Centro de Pesquisa Chinês da OCX, resume a situação: a organização é capaz de propor um plano que inclua estabilidade política, desenvolvimento econômico e de segurança e um mapa de trajeto para projetos de desenvolvimento de infraestrutura.

O Talibã concorda. O porta-voz Suhail Shaheen enfatizou que “a China é um país amigo que é bem-vindo na reconstrução e no desenvolvimento do Afeganistão.

De volta à Rota da Seda

Além da interconectividade econômica incentivada por Pequim desde inícios dos anos 2000, há a necessidade de lutar contra os “três males”: terrorismo, separatismo e extremismo. Todos os membros da OCX têm pleno conhecimento das metástases jihadistas que ameaçam a Ásia Central – desde o ISIS-Khorasan a obscuras facções uigures que atualmente lutam em Idlib, na Síria, e também o (decadente) Movimento Islâmico do Uzbequistão (MIU)

O Talibã é um caso muito mais complexo. Ele ainda é considerado uma organização terrorista por Moscou. Mas no novo tabuleiro em rápida evolução, tanto Moscou quanto Pequim sabem da importância de engajar o Talibã em diplomacia de altos riscos.

Wang Yi já deixou clara para Islamabad – o Paquistão é membro da OCX – a necessidade de estabelecer um mecanismo trilateral com Pequim e Cabul, a fim de fazer avançar uma solução política factível para o Afeganistão na administração da frente de segurança.

Aqui, do ponto de vista da China, trata-se principalmente do Corredor Econômico China-Paquistão (CECP) em seus múltiplos níveis, ao qual Pequim planeja incorporar Cabul (aqui vai uma atualização detalhadas dos avanços da CECP).

Entre seus elementos constitutivos inclúi-se o acordo firmado entre a China Telecom e a Telecom Afegã já em 2017, com vistas à construção de um sistema de fibra ótica Kashgar-Faizabad, e em seguida expandi-lo em direção ao sistema China-Quirgistão-Tajiquistão-Afeganistão da Rota da Seda.

Diretamente ligado a esse acordo está um outro, assinado em fevereiro entre Islamabad, Cabul e Tashkent, para a construção de uma ferrovia que poderá de fato estabelecer o Afeganistão como o principal cruzamento entre a Ásia Central e do Sul. Podem chamá-la de corredor OCX.

Tudo o que foi descrito acima foi solidificado em uma reunião trilateral ocorrida no mês passado entre os chanceleres da China-Paquistão-Afeganistão. A Equipe de Ghani, em Cabul, reiterou seu interesse em se conectar à ICR – o que, na prática, se traduz como a expansão do Corredor Econômico China-Paquistão. O Talibã disse exatamente o mesmo na semana passada.

Wang Yi sabe perfeitamente que é inevitável que o jihadismo venha a tomar o CECP como alvo. Mas não o Talibã. Nem o Talibã paquistanês, uma vez que diversos projetos (fibra ótica, por exemplo) irão fortalecer a infraestrutura em Peshawar e redondezas.

O Afeganistão economicamente conectado com o CECP, como um nó de importância crucial nas Novas Rotas da Seda, não poderia fazer mais sentido, até mesmo em termos históricos, uma vez que o Afeganistão sempre se conectou com as Antigas Rotas da Seda. O Cruzamento Afeganistão é o elo faltante na equação da conectividade entre a China e a Ásia Central. O diabo, como sempre, estará nos detalhes.

A equação iraniana

Então, para o Ocidente, há a equação iraniana. A recentemente solidificada parceria estratégica Irã-China pode futuramente levar a uma integração mais próxima com o CECP expandido para o Afeganistão. O Talibã tem aguda consciência desse fato. Como parte de sua atual ofensiva diplomática, eles estiveram em Teerã e deram todos os sinais corretos quanto a uma solução política.

Sua declaração conjunta com o chanceler iraniano Javad Zarif privilegia as negociações com Cabul. O Talibã compromete-se a não atacar civis, escolas, mesquitas, hospitais e OnGs.

Teerã – observadora na OCX e em vias de se tornar membro pleno – vem mantendo intensas conversas com todos os atores afegãos: nada menos que quatro delegações visitaram o Irã na semana passada. O chefe da equipe de Cabul foi o ex vice-presidente afegão Yunus Qanooni (também, anteriormente, um chefe de facção guerreira), e a de Teerã foi Sher Mohammad Abbas Stanikzai, que dirige o escritório político em Doha. Tudo isso sugere que o assunto é sério.

Já há 780.000 refugiados afegãos registrados no Irã, vivendo em aldeias de refugiados ao longo da fronteira, e sem permissão para se estabelecerem nas grandes cidades, mas há também cerca de 2,5 milhões de refugiados ilegais. Não é de admirar que Teerã tenha que prestar atenção. Zarif, aqui também, está em perfeita sintonia com Lavrov – e com Wang Yi, por sinal: uma guerra de atritos contínuos entre Cabul e Teerã só poderá levar a consequências “desfavoráveis”.

A questão, para Teerã, gira em torno de qual estrutura seria ideal para as negociações. Isso apontaria para a OCX. Afinal, já faz dois anos que Teerã não participa mais do lento mecanismo de Doha. Como lidar na prática com a nova equação afegã é objeto de debates acalorados em Teerã. Como vi pessoalmente em Mashhad, há menos de três anos, as migrações proveniente do Afeganistão – desta vez de trabalhadores qualificados fugindo do avanço do Talibã – pode mesmo vir a ser benéfica para a economia iraniana.

O sempre muito composto diretor-geral do departamento da Ásia Ocidental do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Rasoul Mousavi, vai direto ao ponto: “O Talibã vem do povo afegão. Eles não são separados da sociedade tradicional do Afeganistão, e sempre foram parte dela. Além do mais, eles têm poder militar”.

No oeste do Afeganistão, em Herat – ligada por um corredor rodoviário muito movimentado através da fronteira até Mashhad – as coisas são mais complicadas. O Talibã agora controla a maior parte da província de Herat, além de dois distritos.

O lendário chefe de facção guerreira local, Ismail Khan, hoje com setenta e poucos anos e uma carregada história de lutas contra o Talibã, empregou milícias para guardar a cidade, o aeroporto e as redondezas.

Mas o Talibã já garantiu, em conversas diplomáticas com China, Rússia e Irã, que não está planejando “invadir” ninguém – seja o Irã, ou os “istãos” da Ásia Central. O porta-voz do Talibã, Suhail Shaheen, afirmou categoricamente que o comércio através de fronteiras em diferentes latitudes, de Islam Quilo (Irã) a Torghundi (Turcomenistão) e através do norte do Tajiquistão “continuará aberto e em funcionamento”.

Aquela retirada sem retirada

Em uma situação que muda rapidamente, o Talibã agora controla pelo menos metade dos 400 distritos do Afeganistão; eles agora “contestam” dezenas de outros, policiando algumas rodovias importantes (é impossível viajar pela estrada que vai de Cabul a Kandahar, por exemplo, sem passar por pontos de inspeção do Talibã), e não controlam nenhuma das principais cidades. Ainda. Ao menos 15 das 34 capitais regionais – inclusive a estratégica Mazar-i-Sharif – estão cercadas.

A mídia afegã, sempre muito ativa, começou a fazer algumas perguntas difíceis. Como, por exemplo, que o ISIS/Daesh não existia no Iraque antes da invasão e ocupação pelos Estados Unidos em 2003; e então, recentemente, o ISIS-Khorasan surgiu bem debaixo do nariz da OTAN.

Dentro da OCX, segundo me contaram diplomatas, há grandes suspeitas de que a agenda do Deep State dos Estados Unidos seja a de jogar lenha da fogueira de uma iminente guerra do Afeganistão, e então estendê-la aos “istãos” centro-asiáticos. Outro ponto dessa agenda trata de suspeitíssimos comandos jihadi misturados a uigures que tentam desestabilizar Xinjiang.

Sendo esse o caso, a retirada sem retirada – o que mais seria, com todos aqueles 18 mil terceirizados/mercenários, somados às Forças Especiais e agentes de operações clandestinas da CIA – seria um acobertamento que permitiria a Washington urdir uma nova narrativa: o governo de Cabul nos convidou para lutar contra o ressurgimento do “terrorismo” e evitar uma espiral de violência que levaria à guerra civil.

Esse prolongado final de jogo pareceria, ao Deep State e a seu braço europeu da OTAN, uma Guerra Híbrida vantajosa para todos. Bem, é melhor ir com calma. O Talibã já advertiu todos os “istãos”, em termos nem um pouco incertos, quanto a aceitar bases militares dos Estados Unidos. E até mesmo Hamid Karzai afirmou publicamente: chega de interferência norte-americana.

Todos esses cenários serão discutidos em detalhes nesta quarta-feira, em Dushanbe. E também o lado bom: a agora perfeitamente praticável futura incorporação do Afeganistão nas Novas Rotas da Seda. Voltando ao básico: o Afeganistão volta em grande estilo ao coração do Grande Jogo Novo do século XXI.

Para o Asia Times.

Tradução de Patricia Zimbres.

Fuente original: https://www.brasil247.com/blog/o-grande-jogo-novo-volta-ao-basico

El milagro chino, revisitado

Pepe Escobar

12/07/2021 | Publicado en la Red de Geografía Económica 767/21 (https://groups.google.com/g/redgeoecon/c/9-uJhw-yaHw/m/OZLn0UiTAAAJ)

Los excepcionalistas occidentales podrán seguir lanzando ataques y propaganda anti-China ad infinitum las 24 horas los 7 días de la semana, pero eso no cambiará el curso de la historia.

El centenario del Partido Comunista Chino (PCC) tiene lugar esta semana en el centro de una ecuación geopolítica incandescente.

China, la superpotencia emergente, vuelve a tener el protagonismo mundial del que disfrutó durante siglos de historia registrada, mientras que el Hegemón en declive está paralizado por el “desafío existencial” que se plantea a su fugaz y unilateral dominio.

Una mentalidad de confrontación de espectro completo ya esbozada en la Revisión de la Seguridad Nacional de Estados Unidos de 2017 se está deslizando rápidamente hacia el miedo, la aversión y la implacable sinofobia.

Añádase a ello la asociación estratégica integral Rusia-China, que expone gráficamente la última pesadilla mackinderiana de las élites angloamericanas hastiadas de “gobernar el mundo”, en el mejor de los casos durante dos siglos.

El Pequeño Timonel Deng Xiaoping puede haber acuñado la fórmula definitiva de lo que muchos en Occidente definieron como el milagro chino:

“Buscar la verdad a partir de los hechos, no de los dogmas, ya sean de Oriente o de Occidente”.

Así que nunca se trató de una intervención divina, sino de planificación, trabajo duro y aprendizaje por ensayo y error.

La reciente sesión de la Asamblea Popular Nacional es un ejemplo claro. No sólo aprobó un nuevo Plan Quinquenal, sino de hecho una completa hoja de ruta para el desarrollo de China hasta 2035: tres planes en uno.

Lo que todo el mundo vio, en la práctica, fue la eficacia manifiesta del sistema de gobernanza chino, capaz de diseñar y aplicar estrategias geoeconómicas extremadamente complejas tras un amplio debate local y regional sobre una amplia gama de iniciativas políticas.

Compárese con las interminables discusiones y el bloqueo de las democracias liberales occidentales, que son incapaces de planificar el próximo trimestre, por no hablar de quince años.

Los mejores y más brillantes de China hacen su Deng; no les importa la politización de los sistemas de gobierno. Lo que importa es lo que ellos definen como un sistema muy eficaz para hacer planes de desarrollo SMART (específicos, medibles, alcanzables, relevantes y limitados en el tiempo), y ponerlos en práctica.

El 85% del voto popular

A principios de 2021, antes del inicio del Año del Buey de Metal, el presidente Xi Jinping subrayó que debían darse “condiciones sociales favorables” para las celebraciones del centenario del PCCh.

Ajeno a las oleadas de demonización procedentes de Occidente, para la opinión pública china lo que importa es si el PCCh cumplió. Y lo hizo (más del 85% de aprobación popular). China controló el Covid-19 en un tiempo récord; volvió el crecimiento económico; se logró la reducción de la pobreza; y el estado civilizado se convirtió en una “sociedad moderadamente próspera” – justo en el momento del centenario del PCCh.

Desde 1949, el tamaño de la economía china se multiplicó por la friolera de 189 veces. En las dos últimas décadas, el PIB de China se multiplicó por 11. Desde 2010, se ha duplicado con creces, pasando de 6 a 15 billones de dólares, y ahora representa el 17% de la producción económica mundial.

No es de extrañar que las quejas de Occidente sean irrelevantes. El jefe de inversiones de Shanghai Capital, Eric Li, describe sucintamente la brecha de gobernanza; en Estados Unidos, el gobierno cambia pero no la política. En China, el gobierno no cambia; la política sí.

Este es el telón de fondo de la próxima etapa de desarrollo, en la que el PCCh redoblará su modelo híbrido único de “socialismo con características chinas”.

El punto clave es que los dirigentes chinos, a través de los incesantes ajustes de política (ensayo y error, siempre), han desarrollado un modelo de “ascenso pacífico” -su propia terminología- que respeta esencialmente las inmensas experiencias históricas y culturales de China.

En este caso, el excepcionalismo chino significa respetar el confucianismo -que privilegia la armonía y aborrece el conflicto- así como el taoísmo -que privilegia el equilibrio- por encima del bullicioso y belicoso modelo occidental hegemónico.

Esto se refleja en importantes ajustes de política, como el nuevo impulso de la “doble circulación”, que pone mayor énfasis en el mercado interno frente a China como “fábrica del mundo”.

El pasado y el futuro están totalmente entrelazados en China; lo que se hizo en dinastías anteriores tiene eco en el futuro. El mejor ejemplo contemporáneo es la Nueva Ruta de la Seda, o Iniciativa del Cinturón y la Ruta (BRI), el concepto global de la política exterior china para el futuro inmediato.

Como detalla el profesor de la Universidad Renmin Wang Yiwei, la BRI está a punto de remodelar la geopolítica, “devolviendo a Eurasia su lugar histórico en el centro de la civilización humana”. Wang ha demostrado cómo “las dos grandes civilizaciones de Oriente y Occidente estuvieron vinculadas hasta que el ascenso del Imperio Otomano cortó la antigua Ruta de la Seda”.

El desplazamiento de Europa hacia el mar condujo a la “globalización a través de la colonización”; el declive de la Ruta de la Seda; el desplazamiento del centro del mundo hacia Occidente; el ascenso de Estados Unidos; y el declive de Europa. Ahora, sostiene Wang, “Europa se enfrenta a una oportunidad histórica de volver al centro del mundo a través del resurgimiento de Eurasia”.

Y eso es exactamente lo que el Hegemón hará sin reparos para impedirlo.

Zhu y Xi

Es justo argumentar que el homólogo histórico de Xi es el emperador Zhu de Hongwu, fundador de la dinastía Ming (1368-1644). El emperador se empeñó en presentar su dinastía como una renovación china tras la dominación mongola a través de la dinastía Yuan.

Xi lo enmarca como “rejuvenecimiento chino”: “China solía ser una potencia económica mundial. Sin embargo, perdió su oportunidad tras la Revolución Industrial y los consiguientes cambios drásticos, por lo que se quedó atrás y sufrió la humillación de la invasión extranjera… no debemos dejar que esta trágica historia se repita”.

La diferencia es que la China del siglo XXI, bajo Xi, no se replegará hacia adentro como lo hizo bajo los Ming. El paralelismo para el futuro próximo sería más bien con la dinastía Tang (618-907), que privilegió el comercio y las interacciones con el mundo en general.

Comentar el torrente de malas interpretaciones occidentales sobre China es una pérdida de tiempo. Para los chinos, la inmensa mayoría de Asia, y para el Sur Global, es mucho más relevante registrar cómo la narrativa imperial estadounidense – “somos los liberadores de Asia-Pacífico”- ha quedado totalmente desacreditada.

De hecho, el presidente Mao puede acabar riendo el último. Como escribió en 1957, “si los imperialistas insisten en lanzar una tercera guerra mundial, es seguro que varios cientos de millones más se pasarán al socialismo, y entonces no quedará mucho espacio en la tierra para los imperialistas; también es probable que toda la estructura del imperialismo se derrumbe por completo”.

Martin Jacques, uno de los pocos occidentales que realmente ha estudiado China en profundidad, señaló correctamente cómo “China ha disfrutado de cinco períodos distintos en los que ha gozado de una posición de preeminencia -o de preeminencia compartida- en el mundo: parte de los Han, los Tang, posiblemente los Song, los primeros Ming y los primeros Qing”.

Así que China, históricamente, sí representa la renovación continua y el “rejuvenecimiento” (Xi). Estamos justo en medio de otra de estas fases – ahora conducida por una dinastía del PCC que, por cierto, no cree en los milagros, sino en la planificación a ultranza. Los excepcionalistas occidentales pueden seguir lanzando un ataque 24/7 ad infinitum: eso no cambiará el curso de la historia.

Fuente original: https://www.mentealternativa.com/el-milagro-chino-revisitado/